Tomar, 19 março 1907 – Lisboa, 10 agosto 1982
Palavras-chave: Betão armado, Hidráulica sanitária, Laboratório Nacional de Engenharia Civil, Ministério das Obras Públicas.
DOI: https://doi.org/10.58277/JUIR3884
Eduardo de Arantes e Oliveira foi um engenheiro militar, com uma carreira curta no Exército, mas longa e significativa no âmbito da engenharia portuguesa e com particular relevância nos campos do betão armado, da hidráulica sanitária e do urbanismo. Esteve ao serviço do Estado na sala de aula, no laboratório de engenharia civil, nos serviços municipais e centrais para a construção de infraestruturas na metrópole e nas colónias. Assim, foi professor nos Pupilos do Exército e na Escola do Exército, técnico na Câmara Municipal de Lisboa, primeiro Diretor do Laboratório de Engenharia Civil, procurador à Câmara Corporativa, Ministro das Obras Públicas, Presidente do Conselho de Fomento Ultramarino, Governador-geral de Moçambique e Conselheiro de Estado.
Filho de José António Carvalhosa de Oliveira e de Maria Inocência Galrão de Arantes, nasceu na cidade onde seu pai, oficial do Exército, estava então colocado. Segundo filho de uma prole de cinco, a engenharia uniu esta fratria. Os rapazes mais velhos tornaram-se engenheiros e a rapariga viria a casar-se com um engenheiro. Só o rapaz mais novo divergiu um tanto, ao fazer carreira militar na Marinha.
Com o início da Primeira Grande Guerra, o pai partiu para combater os alemães, primeiro em África e depois na Europa, tendo a família ido para Mafra, donde a mãe era originária e onde os filhos, em idade escolar, frequentaram a escola primária.
Mais tarde, frequentou o Colégio Militar e, posteriormente, com vista a prosseguir os estudos de Engenharia, realizou os preparatórios na Escola Politécnica de Lisboa e o restante na Escola do Exército. À altura, em Lisboa, já havia uma via alternativa à Escola do Exército para os jovens se tornarem engenheiros, que era a frequência do Instituto Superior Técnico (IST). Porém, segundo o seu filho, corre na família que os irmãos Arantes e Oliveira tiveram medo da prova de desenho técnico dos exames de acesso ao IST. Na verdade, não apenas Eduardo, mas também António e José Carlos optaram pela primeira via para se tornarem engenheiros.
Em outubro de 1923, com apenas 16 anos de idade, entrou para a Escola Politécnica, onde conseguiu, em apenas dois anos, obter aproveitamento em todas as disciplinas que compunham o currículo de três anos dos preparatórios de Engenharia. Este feito indiciava já a capacidade de trabalho, o nível de compromisso e exigência consigo próprio que iriam pautar a sua carreira profissional. Aquelas características da sua personalidade confirmaram-se ao terminar, como primeiro classificado, o curso de Engenharia, em Agosto de 1929.
Cedo revelou um interesse especial pela rádio, tendo participado, em 1932, no primeiro Congresso de Radiofonia com a tese “A organização da Radiodifusão Nacional e o papel das emissões particulares de onda média” que, segundo Cruz, Pinto et al. (2004, 255), terá estado “na base da criação da Direcção-Geral de Serviços Radiofónicos, por decreto do ano seguinte.” Antes ainda, nesse ano, tinha selado um pacto com Botelho Moniz, seu antigo colega no Colégio Militar, para “construir uma emissora de rádio, a valer”, como disse em entrevista à Nova Antena (1969, 49, 3 de outubro). A partir daí, participou na construção do Rádio Clube Português (RCP), tendo sido responsável pelo projeto da emissora, nomeadamente pela escolha do equipamento e montagem da antena, que lhe permitiu “ficar radiante com a nitidez, o nível e a clareza do som” (Ibidem). Foi incluído na primeira direção do RCP, como diretor do edifício, tendo ficado ligado a esta emissora para o resto da sua vida, tendo-se tornado diretor honorário, quando a “actividade oficial [a isso o] obrigou” (Ibidem).
Foi também 1932 que casou com Joaquina Cristina Varela Romano, que conhecera na praia da Ericeira, onde as respetivas famílias passavam as férias de verão. No ano seguinte, nasceu o seu filho primogénito, Eduardo Romano de Arantes e Oliveira e, em 1935, uma filha que viria a falecer, precocemente, em 1939.
Em 1933, Arantes e Oliveira tinha iniciado a sua atividade como docente no Instituto Profissional dos Pupilos do Exército, onde lecionou até 1935, ano em que assumiu a docência da 25ª cadeira do Curso de Engenharia da Escola do Exército, atividade que manteve até 1938.
Nesse mesmo ano, assume na Câmara Municipal de Lisboa (CML) os cargos de Chefe da 4ª Repartição e diretor interino dos Serviços de Urbanização e Obras. Situação em que foi um dos principais colaboradores de Duarte Pacheco (Presidente da CML de 3 de janeiro de 1938 a 16 de novembro de 1943).
Após a eclosão da Segunda Guerra Mundial, precisamente em janeiro de 1940, saiu da CML para ficar à disposição do Ministério da Guerra. Nesse ano, voltou à atividade docente, no Curso de Engenharia da Escola do Exército, onde ensinou até 1944.
Entretanto, a posição de neutralidade do Estado português no conflito mundial, levou o Ministério da Guerra a autorizar Arantes e Oliveira a ocupar-se, igualmente, do estudo do projeto geral da remodelação e ampliação do sistema de esgotos de Lisboa, tarefa que lhe fora atribuída pelo então Presidente da Câmara, Duarte Pacheco, mediante despacho datado de 4 de maio de 1940. A elaboração da primeira fase desse projeto deu origem à obra Esgotos de Lisboa – Estudos de Anteprojeto, publicada pela primeira vez em 1941. Obra pioneira no campo da hidráulica sanitária em Portugal, fundamentada numa bibliografia à data atualizadíssima, resultado também da contribuição de diversos técnicos e especialistas nas áreas da meteorologia, hidráulica, hidrografia, análise laboratorial, biologia, geografia, cadastro e engenharia sanitária, de que o autor se sabia rodear e onde se destacava o perito americano Earl B. Phelps que viria a tornar-se, mais tarde, uma referência dos trabalhos de modelação da qualidade da água. Por outro lado, Armando Lencastre (2004) salienta ainda a quantidade de observações realizadas e o trabalho exaustivo que sustentou a solução do problema, apresentada por Arantes e Oliveira na sua obra.
Assim, provada a capacidade do nosso biografado para solucionar o problema de engenharia sanitária da CML, assumiu a Direção dos Serviços de Urbanização e Obras da CML, em 1944, desta vez em regime de efetividade. Aí foi executor da política urbanística e de habitação social do Estado Novo, tendo sido um dos principais responsáveis da conceção e planeamento do Bairro de Alvalade, que é considerado um exemplo do crescimento urbano ordenado da cidade de Lisboa no século XX (Almeida 2009). O Bairro de Alvalade foi concebido para fornecer habitação para 45.000 habitantes, nomeadamente fogos de renda económica para 31.000 habitantes, mais 2.000 em moradias, também de renda económica, sendo os restantes fogos marcados por modalidades intermédias de promoção habitacional, nomeadamente de renda condicionada. Este novo bairro caracterizou-se por ser um conjunto integrado de habitação para vários grupos sociais, com equipamentos coletivos e serviços diversos, com espaços de lazer, comércio e escolas.
Arantes e Oliveira foi também um dos primeiros projetistas de edifícios de betão armado, para cujo efeito constituíra um atelier, donde saíram projetos como a Estação Marítima da Rocha do Conde de Óbidos, construída entre 1945-48, e as novas instalações do Ministério das Finanças, construídas a oriente da Praça do Comércio, em Lisboa, e inauguradas a 2 de julho de 1952. Os seus conhecimentos nesta área levaram-no à Presidência da Comissão do Regulamento do Betão Armado, onde dirigiu a tarefa de aperfeiçoamento e atualização dos regulamentos técnicos da construção existentes e de elaboração de novos regulamentos da mesma índole.
Em 1946, no âmbito da política de Obras Públicas do Estado Novo, que visava um vasto e diverso programa de construção de infraestruturas, no qual se destacavam os empreendimentos hidroelétricos, foi criado o Laboratório de Engenharia Civil (LEC). Este organismo, criado por diploma de 19 de novembro, visava responder às carências da indústria nacional de construção, nomeadamente a realização de ensaios e estudos dos respetivos materiais.
Decorridos dois dias sobre a publicação daquele diploma, Arantes de Oliveira encontrou-se com José Frederico Ulrich, que o convidou para dirigir o recém-criado LEC. Este convite foi alegadamente fundamentado no perfil profissional e de investigador do engenheiro Arantes e Oliveira, em cuja reputação técnica se baseava igualmente a expetativa positiva relativamente ao seu desempenho futuro do cargo.
O LEC veio a agregar dois organismos distintos: o Laboratório de Ensaio e Estudo dos Materiais, que realizava atividade experimental desde 1898, então instalado no Edifício da Alfândega, em Lisboa. E o Centro de Estudos de Mecânica Aplicada, uma unidade de investigação do IST criada em 1942 e dirigida pelo engenheiro Manuel Rocha, que viria mais tarde a dirigir um dos serviços do futuro Laboratório, para o que se disponibilizara, desde logo, a Arantes e Oliveira.
A organização provisória do LEC foi submetida ao Ministério das Obras Pública a 4 de março de 1947. Onze dias depois, foi anunciada a Arantes e Oliveira a sua nomeação para primeiro diretor do novo Laboratório do Estado, do qual tomou posse a 2 de abril, deixando de vez a CML. A 23 desse mesmo mês, deu por terminado o programa das instalações do novo laboratório, ao que se seguiu uma série de visitas ao Ministério das Finanças e ao Tribunal de Contas, com vista à compra de equipamentos, à contratação de Manuel Rocha e ao tratamento de formalidades relativas a uma missão ao estrangeiro, para visitar organismos similares, a qual teve início a 18 de maio de 1947. Arantes e Oliveira realizou, assim, a sua primeira viagem ao estrangeiro, na companhia de Manuel da Rocha. Numa Europa devastada pela Guerra, visitaram, em Inglaterra, o National Physical Laboratory em Teddington, a Building Research Laboratory e a Engineering Division do Imperial College; na Suécia, a Chalmers University de Gotemburgo e a Royal Technical University de Estocolmo; na Holanda, o Laboratório de Estradas de Scheveningen e a Universidade de Delft; na Bélgica, a Universidade Livre de Bruxelas e a Universidade de Gand; na França, o Institut Technique des Bâtiments et des Travaux Publiques e o Service Central d’Éssais du Bois do Ministério da Agricultura. Durante esta viagem, produziu um conjunto de apontamentos (AHMOP/AO/02/20) com descrições exaustivas daqueles laboratórios. Junto a estes apontamentos encontram-se igualmente descrições do LEC, incluindo instalações, regulamentos, nomeadamente as condições de trabalho do pessoal recrutado (período de tirocínio, etc.), mostrando claramente como o estudo dos laboratórios visitados, suportaram as soluções tomadas para a organização do LEC. Nestes apontamentos, encontramos ainda um plano de ação do laboratório, as publicações nele produzidas a incluir no Boletim de Obras Públicas e as “Instruções nº 190 – Transferência para as novas instalações do LEC 26 de agosto de 1952”. Antes, porém, a 11 de agosto de 1952, o LEC tornara-se LNEC com a introdução do termo “Nacional” na designação do laboratório e, a 20 de novembro seguinte, fez-se a inauguração do edifício principal, na avenida do Brasil, por ocasião da comemoração do centenário do Ministério das Obras Públicas.
Entretanto, em novembro de 1949, o engenheiro Arantes e Oliveira foi nomeado, pela primeira vez, deputado à Câmara Corporativa, em decorrência das suas competências técnicas e do cargo de diretor do LNEC. Pela análise da lista dos pareceres de que foi relator e subscritor (Cruz, Pinto et al, 2004, 255-256), pode verificar-se as áreas técnicas que o interessavam, os serviços meteorológicos das colónias, a conservação dos edifícios escolares, o regulamento de edificações, a colonização interna, nomeadamente o desenvolvimento hidroagrícola e a arborização de terrenos para a conservação dos solos, e as estradas. Este último interesse encontra-se igualmente patente nos relatórios que produziu (Oliveira 1951; Oliveira, Rocha et al. 1951) para o IX Congresso Internacional da Estrada, reunido em Lisboa em 1951.
Assim, até se ter tornado ministro, a sua ‘carreira parlamentar’, consistiu, na verdade, no desempenho da sua atividade de procurador à Câmara Corporativa, primeiro de 1949 a 1953 e, posteriormente, entre 1969 e 1973 (Cruz, Pinto et al. 2004, 255-256). Como Rosas, Brito et al. (1996, 685) referem, recusou-se sempre a “ingressar nas fileiras da União Nacional”. E foi, como seu filho sublinhou, muito perto do fim do regime ditatorial que aderiu à Ação Nacional Popular, respondendo ao pedido expresso de Marcelo Caetano. Porém, não deixou de exerceu efetivamente o poder político cerca de 20 anos, como um técnico de reconhecida competência que, com zelo, concretizou a política de Obras Públicas do Estado Novo. Na verdade, o Estado Novo foi um regime político que se apoiou sobremaneira num manancial de recursos técnicos e científicos, não apenas epistemológicos, mas também materiais e humanos, um exemplo do que Gabrielle Hecht (1998, 2009) designou de ‘regime técnico-político’.
Assim, a 2 de abril de 1954, Salazar nomeou o engenheiro Arantes e Oliveira ministro das Obras Públicas, pelo que deixou o LNEC, onde o engenheiro Manuel Rocha o sucedeu na direção. Manteve-se como titular daquela pasta durante 13 anos, precisamente até 12 de abril de 1967. Enquanto ministro, não se fechou no gabinete, pelo contrário, percorreu o país, incluindo os ‘territórios insulares’, inteirando-se minuciosamente dos problemas das populações, tomando notas exaustivas na base das quais tomava as decisões e ordenava as execuções (AHMOP/AO/02), não antes de ir a despacho com o Presidente do Conselho, cujas reuniões eram igualmente preparadas e registadas, em apontamentos manuscritos.
Quando a televisão portuguesa arrancou em 1957, na sua fase experimental, o então ministro das Obras Públicas ganhou uma enorme visibilidade para o público em geral, por aparecer quer em noticiários de carácter geral, como o TV7 e o Noticiário Nacional, quer num magazine de artes como o Ângulo Reto. Nos 10 anos seguintes, o ministro Arantes e Oliveira manteve a visibilidade mediática (Silva, 2013), revelando esta não só a estratégia propagandista do regime, mas também a transfiguração do país através das obras que este ministro efetivamente patrocinou, donde se destacam o Padrão dos Descobrimentos, o Palácio da Justiça, o Instituto de Medicina Tropical, a Biblioteca Nacional, o Instituto Gulbenkian, a adaptação da Igreja de Santa Engrácia a Panteão nacional, em Lisboa; a ponte de Santa Clara, em Coimbra; a ponte da Arrábida, no Porto; a Pousada dos Lóios, em Évora; o plano de rega do Alentejo e a ponte sobre o Tejo. Esta última obra mobilizou a energia do ministro durante mais de dez anos e tornou-se num ponto de viragem para a sua carreira.
Após a inauguração da ponte em 1966, precisamente a 12 de setembro desse ano, “o grande obreiro” Arantes e Oliveira recebeu um telegrama do Governador-geral de Moçambique a convidá-lo para visitar a “província” e aí proferir uma palestra sobre a ponte. O que foi aceite de imediato, tendo o ministro partido a 15 de setembro num avião da TAP e chegado a Lourenço Marques nesse mesmo dia. No dia seguinte, iniciou o programa da visita que se estendeu por dez dias consecutivos. A referida palestra foi proferida às 18:00 do dia 16 no Liceu Salazar. Do dia 17 em diante, percorreu toda a “província”, visitando portos, indústrias, hospitais, estações de caminhos de ferro, a “garganta” de Cahora Bassa e o Parque Gorongosa. A 26 de setembro, terminou a visita na cidade da Beira, donde partiu para Luanda. Chegado a Lisboa, com base nos apontamentos que tinha produzido durante a visita, preparou uma “exposição a fazer em Conselho de Ministros”. Pelos rascunhos dessa exposição, se constata o diagnóstico que fez da situação da “província”, “o valor positivo da obra executada”, “os aspectos desfavoráveis”, entre eles “o grande atraso de desenvolvimento”, nomeadamente a falta de “promoção do nativo (escolas, saúde, nível económico)”. Nestes documentos se acede igualmente à impressão que a viagem lhe causou, “deviam ir ao Ultramar todos os responsáveis da administração do Estado (…). É diferente, muito diferente, ouvir, falar ou ler escrito (…) ou ver com os nossos próprios olhos (…). Compreendo agora melhor como tantas vezes os nossos compatriotas se têm deixado enfeitiçar pelo Ultramar que não mais podem abandonar uma vez experimentado o seu fascínio.” (AHMOP/AO/05/26)
O feitiço terá atingido também o engenheiro Arantes e Oliveira, pois conseguiu a exoneração do cargo de ministro passados cerca de seis meses sobre aquela viagem, tornando-se praticamente de imediato Presidente do Conselho Superior do Fomento Ultramarino, onde passou a dirigir todos os planos de desenvolvimento das colónias, os quais são enunciados no discurso do ministro do Ultramar, quando o empossou no cargo. Porém, nenhum outro projeto lhe terá recrutado tanto a atenção como a construção de Cahora Bassa, considerando o manancial de apontamentos por si produzidos com a análise das propostas dos três concorrentes, pareceres de conselheiros, rascunhos dos contratos de concessão, etc. (AHMOP/AO/04/52). O desempenho deste cargo veio intensificar a sua visibilidade pública na televisão nacional (Silva 2013). O início da construção da barragem de Cahora Bassa, em 1969, num cenário de conflito armado, justifica, então, que o engenheiro militar Arantes e Oliveira fosse nomeado para o cargo de Governador-geral de Moçambique (1970-1971). Dada a situação política de intensificação da Guerra Colonial e da censura externa ao colonialismo português, a propaganda intensifica-se na televisão, tendo passado o então Governador-geral de Moçambique a ser alvo de ainda mais notícias. Todas as ações do governador pareciam ser dignas de notícia, quer como anfitrião das terceiras Jornadas Luso-Brasileiras de Engenharia Civil, em Lourenço Marques (1970), quer recebendo no Palácio do Governo provincial peregrinos muçulmanos com destino a Meca. De facto, o seu aparecimento frequente na TV, denota uma ‘dialética entre o tecnocrata e o seu público’ (Daston e Sibon 2003, 7). Podendo constatar-se por esses documentos que, apesar da sua resistência em enfileirar em organizações partidárias, foi a ilustração viva de uma parte do ideal do regime, isto é, do herói pátrio, na forma de um militar com uma formação técnica sólida, que colocou à prova na docência, na investigação e na realização de obras públicas municipais e estatais, no continente, nas ilhas e nas colónias. Demonstrado estava o seu poder realizador e legitimada também a nomeação para os cargos políticos que ocupou e cujo desempenho e visibilidade se confundiam. Visibilidade que era simultaneamente inspiradora e tranquilizadora para o cidadão comum, que na sua maioria desconhecia a realidade dos factos, nomeadamente as críticas internacionais ao regime ditatorial e à sua política colonial.
Cessado o exercício do cargo de Governador-geral de Moçambique, regressou a Lisboa, retomando as tarefas na Câmara Corporativa, aí participando na elaboração de novos pareceres, nomeadamente dando o seu contributo na Revisão da Lei Orgânica do Ultramar e no Projeto do IV Plano de Fomento para 1974-1979 (Continente e Ilhas), tendo sido o relator do anexo ‘Habitação e urbanismo’. Ocupou ainda o seu lugar vitalício no Conselho de Estado
O engenheiro Eduardo Arantes e Oliveira foi ainda Presidente da Secção de Engenharia Civil da Ordem dos Engenheiros. Foi agraciado de várias formas, nomeadamente como doutor honoris causa pela Universidade de Lisboa (Faculdade de Ciências), com a Grã-cruz da Ordem de Cristo, da Ordem de Santiago de Espada, da Ordem do Infante D. Henrique, da Ordem do Cruzeiro do Sul (Brasil) e da Ordem de Rio de Janeiro (Brasil). Recebeu ainda o título de cidadão honorário da maior parte dos municípios portugueses.
Arquivos
Câmara Municipal de Lisboa
Ministério das Obras Públicas
Fundo Arantes e Oliveira, AHMOP/AO
Rádio Televisão Portuguesa [demasiado extenso, veja-se no fim a lista]*
Obras do biografado
Oliveira, Eduardo de Arantes e. Esgotos de Lisboa – Estudos de Anteprojeto, Lisboa: Câmara Municipal de Lisboa, 1941.
—. O regime de chuvas em Lisboa. Lisboa: Observatório do Infante D. Luiz,1942.
—. O Estudo do Subsolo das Estradas: Progressos Verificados entre os Congresssos de Haia, 1938 e de Lisboa, 1951: relatório geral apresentado ao IX Congresso Internacional da Estrada, Lisboa: LNEC,1951.
—. Manuel Rocha, et al, O Estudo do Subsolo das Estradas: Progressos Verificados entre os Congressos de Haia, 1938, e de Lisboa, 1951: relatório português apresentado ao IX Congresso Internacional da Estrada, Lisboa: LNEC,1951.
Bibliografia sobre o biografado
Rosas, Fernando e J. M. Brandão de Brito, et al. Dicionário de História do Estado Novo, Vol. II, Lisboa: Bertrand Editora, 1996, 683-685.
Cruz, Manuel Braga da e António Costa Pinto, et al. Dicionário Biográfico Parlamentar. 1935-1974, Vol. M-Z, Lisboa: Imprensa de Ciências Sociais, Assembleia da República, 2004, 254-257.
Lencastre, Armando. “Apresentação da reedição da obra Esgotos de Lisboa – Estudos de Anteprojeto…” in Engenharia e Vida: Engenharia Civil, Construção e Desenvolvimento, 6 (setembro, 2004).
Oliveira, Eduardo Romano de Arantes e. “O Primeiro Diretor do LNEC, Eduardo de Arantes e Oliveira” in Revista da Academia das Ciências de Lisboa, ?.
Silva, Ana Paula. “Experts on TV – the new Portuguese conquerors in Africa (from 1957 onwards)”, in 6th Tensions of Europe Plenary Conference, Democracy and Technology Europe in Tension from the 19th to the 21st century, 19-21 de setembro de 2013, Université Paris-Sorbonne.
*Arquivos RTP – documentos com imagens e som sobre Arantes e Oliveira
Noticiário Nacional de 1962, (16/03/1962) – LX06003023XD
Noticiário Nacional de 1959, (12/08/1959) – LX 06006422XD
Noticiário Nacional de 1967, (10/11/1967) – LX08000695XD
Revista do ano nacional 31-12-1971 – LX06002192XD
Noticiário Nacional de 1968, (12/03/1968) – LX08000446XD
Noticiário Nacional de 1968, (12/03/1968) – LX08000446XD
Noticiário Nacional de 1965, (15/07/1965) – LX05003610XD
Noticiário Nacional de 1963, (13/02/1963) – LX08007742XD
Portugal Além Europa, 14/06/1971 – LX03000758XS
Noticiário Nacional de 1969, (22/11/1969) – LX08006949XD
Portugal Além Europa, 14/06/1971 – LX03000758XS
Noticiário Nacional de 1971, (21/06/1971) – LX08002835XD
Noticiário Nacional de 1965, (04/05/1965) – LX08007415XD
Noticiário Nacional de 1965, (25/02/1965) – LX05000530XD
Noticiário Nacional de 1960, (08/01/1960) – LX07006086XD
Noticiário Nacional de 1959, (23/04/1959) – LX06004956XD
Noticiário Nacional de 1958, (06/09/1958) – LX06008418XD
Noticiário Nacional de 1958, (10/06/1958) – LX06002520XD
Noticiário Nacional de 1958, (11/01/1958) – LX06008418XD
Noticiário Nacional de 1971, (27/06/1971) – LX08002732XD
TV 7, 20/06/1970 – LX07004647XD
Noticiário Nacional de 1969, (01/02/1969) – LX08006404XD
TV 7, 24/07/1966 – LX08002163XD
Noticiário Nacional de 1966, (20/07/1966) – LX08007528XD
Noticiário Nacional de 1966, (11/07/1966) – LX06003501XD
Noticiário Nacional de 1964, (01/04/1964) – LX07001954XD
Noticiário Nacional de 1964, (31/03/1964) – LX08005822XD
Noticiário Nacional de 1962, (30/04/1962) – LX08007687XD
Noticiário Nacional de 1961, (01/12/1961) – LX05010128XD
Noticiário Nacional de 1967, (11/12/1967) – LX070050688XD
Um Certo Sorriso, 08/02/1988 – LX08003561XD
Noticiário Nacional de 1971, (10/11/1971) – LX08002741XD
Noticiário Nacional de 1971, (25/10/1971) – LX08002754XD
Noticiário Nacional de 1971, (09/10/1971) – LX08004223XD
Noticiário Nacional de 1971, (06/10/1971) – LX08004753XD
Noticiário Nacional de 1971, (02/10/1971) – LX08004190XD
Noticiário Nacional de 1971, (27/09/1971) – LX08004806XD
Noticiário Nacional de 1971, (15/09/1971) – LX08004163XD
Noticiário Nacional de 1971, (06/09/1971) – LX08002704XD
Noticiário Nacional de 1971, (23/08/1971) – LX08003012XD
Noticiário Nacional de 1971, (19/08/1971) – LX08003186XD
Noticiário Nacional de 1971, (14/08/1971) – LX08002745XD
Noticiário Nacional de 1971, (10/08/1971) – LX08002824XD
Noticiário Nacional de 1971, (08/08/1971) – LX08002824XD
Noticiário Nacional de 1971, (25/07/1971) – LX08002847XD
Noticiário Nacional de 1971, (24/07/1971) – LX08002847XD
Noticiário Nacional de 1971, (27/06/1971) – LX08002732XD
Noticiário Nacional de 1971, (23/06/1971) – LX08003047XD
Noticiário Nacional de 1971, (22/06/1971) – LX08002873XD
Noticiário Nacional de 1971, (13/06/1971) – LX08002786XD
Noticiário Nacional de 1971, (24/04/1971) – LX08002707XD
Noticiário Nacional de 1971, (19/04/1971) – LX08003503XD
Noticiário Nacional de 1971, (10/04/1971) – LX08003473XD
Noticiário Nacional de 1971, (02/04/1971) – LX08003226XD
Noticiário Nacional de 1971, (24/03/1971) – LX08003192XD
Noticiário Nacional de 1971, (21/03/1971) – LX08003192XD
Noticiário Nacional de 1971, (18/03/1971) – LX08003494XD
Noticiário Nacional de 1971, (06/03/1971) – LX08002658XD
Noticiário Nacional de 1971, (22/01/1971) – LX08003662XD
Noticiário Nacional de 1971, (21/01/1971) – LX08002873XD
Noticiário Nacional de 1971, (01/01/1971) – LX08003055XD
Noticiário Nacional de 1970, (01/11/1970) – LX08000825XD
TV 7, 06/06/1970 – LX07004647XD
Noticiário Nacional de 1970, (26/05/1970) – LX07006054XD
Noticiário Nacional de 1969, (24/12/1969) – LX08006844XD
Noticiário Nacional de 1969, (24/10/1969) – LX06003000XD
Noticiário Nacional de 1969, (19/05/1969) – LX08006416XD
Noticiário Nacional de 1968, (04/12/1968) – LX06006810XD
Noticiário Nacional de 1968, (01/11/1968) – LX08000262XD
Noticiário Nacional de 1968, (29/10/1968) – LX08000248XD
Noticiário Nacional de 1968, (01/09/1968) – LX08004348XD
Noticiário Nacional de 1968, (01/09/1968) – LX08004348XD
Noticiário Nacional de 1968, (12/03/1968) – LX08000446XD
Noticiário Nacional de 1968, (01/01/1968) – LX08004406XD
Noticiário Nacional de 1967, (18/06/1967) – LX07002559XD
TV 7, 18/06/1967 – LX08000692XD
Noticiário Nacional de 1967, (26/04/1967) – LX08000508XD
TV 7, 15/05/1966 – LX08001773XD
TV 7, 01/05/1966 – LX03000453XS
Noticiário Nacional de 1966, (30/01/1966) – LX08000070XD
Ponte Salazar, 01/01/1966 – LX05011222XD
TV 7, 19/12/1965 – LX08001771XD
TV 7, 31/10/1965 – LX10004334XD
TV 7, 03/10/1965 – LX10004334XD
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Noticiário Nacional de 1965, (27/06/1965) – LX08007418XD
Noticiário Nacional de 1965, (27/06/1965) – LX06008790XD
Noticiário Nacional de 1965, (27/06/1965) – LX06007466XD
Noticiário Nacional de 1965, (13/06/1965) – LX07003999XD
Noticiário Nacional de 1965, (23/05/1966) – LX08007424XD
Noticiário Nacional de 1965, (15/05/1965) – LX07003411XD
Noticiário Nacional de 1965, (07/05/1965) – LX05003328XD
Noticiário Nacional de 1965, (02/04/1965) – LX05001948XD
Noticiário Nacional de 1965, (27/03/1965) – LX05000420XD
Ângulo Recto, 25/02/1965 – LX08007444XD
Noticiário Nacional de 1965, (05/02/1965) – LX09000340XD
Noticiário Nacional de 1965, (20/01/1965) – LX08002347XD
Noticiário Nacional de 1965, (03/01/1965) – LX13000127XD
Noticiário Nacional de 1963, (20/09/1963) – LX08000309XD
Noticiário Nacional de 1963, (27/05/1963) – LX08000696XD
Noticiário Nacional de 1962, (09/05/1962) – LX08007710XD
Noticiário Nacional de 1962, (25/03/1962) – LX07003459XD
Noticiário Nacional de 1960, (26/06/1960) – LX06003879XD
Noticiário Nacional de 1960, (04/01/1960) – LX07006086XD
Noticiário Nacional de 1959, (30/10/1959) – LX08003423XD
Noticiário Nacional de 1959, (11/10/1959) – LX05006253XD
Noticiário Nacional de 1959, (27/09/1959) – LX08003593XD
Noticiário Nacional de 1959, (16/09/1959) – LX08004051XD
Noticiário Nacional de 1959, (03/09/1959) – LX05011695XD
Noticiário Nacional de 1959, (18/08/1959) – LX08004064XD
Noticiário Nacional de 1959, (03/08/1959) – LX06008422XD
Noticiário Nacional de 1959, (30/06/1959) – LX01002685XD
Noticiário Nacional de 1959, (10/06/1959) – LX06004634XD
Noticiário Nacional de 1959, (09/06/1959) – LX06004634XD
Noticiário Nacional de 1959, (05/06/1959) – LX06004633XD
Noticiário Nacional de 1959, (23/05/1959) – LX06003474XD
Noticiário Nacional de 1959, (16/05/1959) – LX06004491XD
Noticiário Nacional de 1959, (16/05/1959) – LX06004491XD
Noticiário Nacional de 1959, (14/05/1959) – LX06004491XD
Noticiário Nacional de 1959, (12/05/1959) – LX06004956XD
Noticiário Nacional de 1959, (06/05/1959) – LX06004491XD
Noticiário Nacional de 1959, (27/04/1959) – LX06004956XD
Noticiário Nacional de 1958, (27/12/1958) – LX06008418XD
Noticiário Nacional de 1958, (15/12/1958) – LX07003460XD
Noticiário Nacional de 1958, (13/12/1958) – LX07003460XD
Noticiário Nacional de 1958, (12/12/1958) – LX07003460XD
Noticiário Nacional de 1958, (02/12/1958) – LX08004084XD
Noticiário Nacional de 1958, (25/10/1958) – LX05011712XD
Noticiário Nacional de 1958, (14/10/1958) – LX07000159XD
Noticiário Nacional de 1958, (28/09/1958) – LX05009812XD
Noticiário Nacional de 1958, (15/09/1958) – LX05009812XD
Noticiário Nacional de 1958, (09/08/1958) – LX04001815XD
Noticiário Nacional de 1958, (02/06/1958) – LX08004050XD
Noticiário Nacional de 1958, (02/05/1958) – LX08004118XD
Noticiário Nacional de 1958, (04/03/1958) – LX05006214XD
Noticiário Nacional de 1958, (01/03/1958) – LX05006214XD
Noticiário Nacional de 1958, (23/02/1958) – LX06003494XD
Noticiário Nacional de 1958, (11/02/1958) – LX06002548XD
Noticiário Nacional de 1958, (01/02/1958) – LX07004032XD
Noticiário Nacional de 1958, (19/01/1958) – LX08005211XD
Noticiário Nacional de 1957, (22/12/1957) – LX05011659XD
Noticiário Nacional de 1957, (22/11/1957) – LX05011638XD
Noticiário Nacional de 1957, (18/11/1957) – LX05011638XD
Noticiário Nacional de 1957, (15/10/1957) – LX06004806XD
Noticiário Nacional de 1957, (14/08/1957) – LX06003399XD
Noticiário Nacional de 1957, (31/05/1957) – LX06002491XD
Noticiário Nacional de 1957, (09/05/1957) – LX06002546XD
Noticiário Nacional de 1961, (28/03/1961) – LX07006089XD
Noticiário Nacional de 1961, (27/04/1961) – LX07006358XD