Homem, Diogo

fl. século XVI

Palavras-chave: cartografia náutica, cartografia, atlas.

DOI: https://doi.org/10.58277/HSKV8512

Cartógrafo português do século XVI, filho do cartógrafo Lopo Homem e autor de um vasto número de cartas e atlas náuticos, quase todos conservados fora de Portugal. Desconhecem-se as datas de nascimento e morte e são escassos os documentos históricos que o mencionam. O mais antigo é uma carta de D. João III conservada na Torre do Tombo, de 1547, na qual o rei acede a um pedido de perdão da pena a que tinha sido condenado em tribunal pela morte de um indivíduo, na condição de voltar ao reino no prazo de oito meses e aí servir a coroa. Nessa ocasião encontrava-se Diogo Homem em Londres, como cosmógrafo. Um outro documento está conservado em Londres e refere-se a uma declaração apresentada por Diogo Homem ao Tribunal do Almirantado, a propósito de um atlas que fizera por encomenda a um cliente veneziano e não tinha sido aceite ou pago. O terceiro documento é uma carta enviada de Londres, em 1567, pelo embaixador espanhol Guzman de Silva para Filipe II de Portugal, referindo a prisão de Diogo Homem a propósito de uma missão de um navio inglês a África, em que teriam participado portugueses. Contudo, desconhece-se o motivo da prisão.

A obra de Diogo Homem que chegou aos nossos dias consta de vinte e três trabalhos que incluem cinco atlas universais, sete atlas da Europa e Mediterrâneo e onze cartas avulsas. Destes trabalhos somente desassete estão assinados. As datas variam entre 1557 e 1576, presumindo-se que o cartógrafo teria cerca de 55 anos quando completou esta última, em Veneza. Tendo em conta que, em 1547, Diogo Homem estava em Londres e já seria um cartógrafo competente, muitos outros trabalhos se terão perdido. 

De acordo com Armando Cortesão e Teixeira da Mota, a abundante ornamentação das cartas mais antigas seria progressivamente suavizada nos trabalhos mais recentes. De acordo com os mesmos autores, ao grande volume e beleza estética da obra de Diogo Homem está também associado alguma falta de originalidade. 

Joaquim Alves Gaspar

Arquivos

Lisboa, Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Legitimações e Perdões, Liv. 312, f. 202. 

Valladolid, Archivo de Simancas, Estado 819, f. 199.

Obras sobre o biografado

Cortesão, Armando e Avelino Teixeira da Mota, eds. Portugaliae Monumenta Cartographica, Vol. II: 5–10. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda 1987.

Albuquerque, Luís de. “Homem, Diogo.” In Dicionário de História dos Descobrimentos Portugueses, ed. Luís de Albuqerque, Volume I: 300–301. Lisboa: Caminho, 1993.