Pimentel, Manuel

Lisboa, 10 março 1650 — Lisboa, 19 abril 1719

Palavras-chave: Cosmógrafo-mor, astronomia náutica, ensino, Arte de Navegar.

DOI: https://doi.org/10.58277/ANDI7222

Manuel Pimentel, um erudito ao serviço do rei e da Corte na transição do século XVII para o século XVIII.

Manuel Pimentel (ou Manuel de Pimentel e Vilalobos, de seu nome completo) foi o segundo filho de Luís Serrão Pimentel e de D. Isabel Godines; foi baptizado na freguesia de Santa Justa, em Lisboa, a 20 de março de 1650. Casou em 1689 com sua prima, D. Clara Maria de Miranda, filha de Filipe Serrão Pimentel e de D. Brites Aires Teresa, de quem teve uma filha, D. Brites Teresa Pimentel, e um filho, que lhe sucedeu enquanto cosmógrafo-mor, Luís Francisco Pimentel.

Estudou no Colégio de Santo Antão, onde terá frequentado a Aula da Esfera, sendo que a náutica estava incluída no programa das lições desde o tempo do P. Francisco da Costa, de quem se conhece uma Arte de Navegar, tida como apostilha das suas aulas no Colégio, tal como acontecera com o P. Cristóvão Bruno, que também iniciava as suas lições pela Arte de Navegar. Esta tradição terá sido continuada por Valentim Estancel, sendo possível que, embora muito novo, Manuel Pimentel tenha sido seu discípulo (professorado entre 1660–64, havendo, porém, algumas dúvidas quanto a Estancel ter leccionado também em Lisboa ou se o fez apenas na Universidade de Évora). Também discípulo de seu pai, tal como seu irmão Francisco, Manuel Pimentel desenvolveu a sua obra no domínio da navegação, das matemáticas e da cosmografia.

Demonstrou paralelamente ao ensino uma excelente erudição, fruto de uma educação cuidada, revelando bem cedo a sua capacidade poética e o domínio do latim, ao compor, aos 14 anos a Vida de S. Francisco Xavier. Avançou nos estudos na Universidade e Coimbra, onde se graduou em 1674 em Direito e em Cânones, sendo vontade do pai que ele seguisse a jurisprudência junto da Corte ou a carreira eclesiástica, reservando para o primogénito, Francisco Pimentel, os cargos por si exercidos (cosmógrafo-mor e engenheiro-mor). Cedo, porém, revelou capacidades no domínio da Cosmografia, e, dada a inesperada morte de seu pai e o facto de o irmão não querer o exercício do lugar, foi provido do ofício a 30 de janeiro de 1680, cargo que desempenhou até 27 de fevereiro de 1707, sendo que a propriedade do ofício lhe foi concedida em 1687.

Escreveu Arte Prática de Navegar e Roteyro das Viagens, com duas edições em sua vida, em 1699 e em 1712 (além de ser o responsável pela edição, em 1681, da Arte Pratica de Navegar, trabalho de seu pai, mas em que Manuel acrescentou e atualizou dados e tabelas). Na edição de 1699 são citados Riccioli, Fournier, Pedro Nunes, D. Wright e R. Hues, além de Stevinus, Snelius e Metius. Em 1712 a lista alonga-se com os nomes de Manuel de Mesquita Perestrelo, D. João de Castro, João de Barros e Pedro Nunes; Pedro Apiano e André Cespedes; André de San Martin e os Roteiros de B. Nodal e G. Nodal; Robert Hues; Jean Richier; J. Vossio e o abade Vallemont; J. Richard e R. Norwood e G. Blaeu; E. Halley; G. Tachard, A. Metius, W. Dampier, Cassini, Gassendo, além de Regiomontano, Euclides e Ptolomeu. A edição de 1712 contém, no fim, uma Elegia de 25 dísticos dedicada à Agulha de Marear. Muito do seu trabalho se baseou na herança paterna, bem como em Fournier, especialmente no domínio da Hidrografia, em Clavius, nas questões do calendário e em Riccioli, sobre astronomia e coordenadas das estrelas para a determinação de latitudes; qualquer um destes autores era jesuíta.

Na Arte de navegar e o Roteyro das viagens, surgem, no roteiro das ilhas dos Açores, Cabo Verde, Guiné, Angola, Brasil, Índias Ocidentais e Orientais, Costa de Espanha e Mar Mediterrâneo, descrições que se referem a rotas entre o Rio de Janeiro e Santos e entre Buenos Aires e a costa do Brasil, com referências ao rio S. Francisco do Sul, Guarativa, Paranaguá, Cananea, Iguape e Itanhaem. Esta presença documental certamente tem a ver com o excelente trabalho que Manuel Pimentel realizou enquanto encarregado de estabelecer os limites da colónia do Sacramento sobre o Rio da Prata. Para Luís de Albuquerque, a edição de 1712 da Arte de Navegar, mais completa que a primeira edição do trabalho, permite entender a evolução, em termos de astronomia náutica e marinharia, em relação aos Guias Náuticos de Munique e Évora. A obra demonstra a evolução da marinharia portuguesa em termos não só de técnicas e instrumentos de origem estrangeira como também em termos de suporte teórico. No livro, Manuel Pimentel expõe o recurso à trigonometria e ao cálculo logarítmico para a resolução de problemas de marinharia, devendo tais matérias ser do domínio dos pilotos; para Luís Albuquerque, o livro de Manuel Pimentel é o trabalho mais desenvolvido até então dos publicados em Portugal sobre a prática da navegação, dado que o trabalho de Pedro Nunes apresenta características distintas. A Arte de Navegarconheceu ainda edições em 1746 e 1762, e uma no século XIX, provavelmente em 1819.

O manuscrito Compêndio da Doutrina Esférica, apesar de considerado pelos especialistas como inferior à Arte de Navegar, tornou-se uma obra muito conhecida (como provam também as cópias que subsistiram), incluindo matérias tradicionais de leccionação em Santo Antão, podendo ter sido um dos cursos que leccionou, como era sua obrigação enquanto cosmógrafo-mor, para pilotos, cartógrafos e homens do mar.

Em 1681, e já como cosmógrafo-mor (por nomeação régia em 1679, ainda interinamente, e em 1687 a título definitivo), Manuel Pimentel foi enviado a Elvas, com o P. João Duarte da Costa, matemático, e com os desembargadores Sebastião Cardozo de Sampayo, e Manoel Lopes de Oliveira para conferir, com os geógrafos enviados por Carlos II de Espanha, a fronteira do Brasil a propósito do direito de demarcação entre Portugal e Castela da nova colónia de Sacramento, criada na margem norte do Rio da Prata. O diferendo com os geógrafos espanhóis demorou três meses, com deslocações recíprocas entre Elvas e Badajoz, sendo que Manuel Pimentel produziu documentação cartográfica que estabelecia e clarificava o direito da Coroa portuguesa no território. Esta questão, que eclodiu em 1680, só terminou com a assinatura do Tratado de Madrid em 1750, preparado por Alexandre de Gusmão, e baseado na doutrina, que criou, de Utti possidetis ou uti possidetis iuris.

Em 1684, substituiu o irmão, Francisco Pimentel (que se encontrava em missão militar para servir o exército contra os turcos na Alemanha, na Polónia e na Hungria) enquanto Lente na Aula de Matemática, tal como em 1690, quando Francisco se deslocou a Mazagão para melhorar a fortaleza,  situação que se manteve nas duas décadas seguintes, dadas as constantes deslocações no terreno de Francisco Pimentel. D. João V, em reconhecimento dos serviços prestados por Manuel Pimentel e dos que prestava em nome do irmão, toma-o por fidalgo-cavaleiro de sua Casa em 26 de outubro de 1709.

Em fevereiro de 1714, e considerando-se que era útil ao serviço real ter pilotos com boa formação, pois nisso assentava “ a navegação das conquistas com cujos fructos se sostenta o comercio, e augmentão os cabedais dos vassallos (…)”, foi solicitado a Manuel Pimentel, que ensinasse na Aula Pública a arte de navegação tanto para os homens do mar, para os curiosos e para os aplicados, para poderem participar da sua grande erudição, ainda que a sua carta de ofício não lhe impusesse esta obrigação; foi-lhe acrescentado ordenado, por mercê pessoal do rei, além do que já usufruía como cosmógrafo-mor. Quatro anos depois, em 1718, foi escolhido para Mestre do Príncipe D. José, com lições nos domínios da Geografia e da Náutica.

Aos profundos conhecidos de geografia juntava o domínio de diversos idiomas, nomeadamente latim, castelhano, francês e italiano, a que juntava um profundo conhecimento da literatura clássica. Socialmente, a sua casa era frequentada por alguns dos Grandes do reino, mantendo excelentes relações com os marqueses de Valença e Alegrete e com os condes de Ericeira. E, apesar do desempenho dos cargos, continuou a escrever poesia, nomeadamente Elegias, frequentando tanto a Academia dos Singulares como a Academia Generosos, onde leu especialmente sobre questões de Astronomia, como ainda a Academia de História Portuguesa, com reuniões desde 1717, instalada em casa de D. Francisco Xavier de Meneses, conde de Ericeira, onde leu lições de Filologia e Filosofia Moral; esta última esteve na origem, em 1720, da Academia Real da História Portuguesa. Morreu em abril de 1719, de uma colírica (vómito de cólera), aos 69 anos, e foi sepultado no jazigo da família no claustro do convento do Carmo, em Lisboa. 

Antónia Fialho Conde
Universidade de Évora

Arquivos

Lisboa, Arquivo Nacional da Torre do Tombo

Mercês de D. João V, Lº 3, ff.. 403-404 (microfilme 1104); Lº 15, f. 419.

Mercês de D. Pedro II, Lº 3, f. 261 v.; f. 409.

Registo Geral de Mercês – Ordens Militares, Lº 8, f. 389v.

Obras:

Manuscritas:

Opuscula Poetica. M.S. (Consta do Poema da Vida de S. Francisco Xavier) 

Colleção de Cartas e Elegias Latinas. M.S.

Licoens Academicas recitadas na Academia dos Generosos, e na Academia Portugueza. M.S.

Viagem desde Lisboa até às ilhas de Timor e Solor (BMBraga, Cód. 600)

Compendio de Doutrina Esférica (BMBraga, Cód. 600; BGUC, Ms. 185: BNP, FG 1867, FG 1552, FG 4322)

Liçoens Academicas sobre a Doutrina de Aristoteles em que se trata do Ceo e Couzas Celestes (BMBraga, Ms. 600; BAj, Ms. 52.V.58))

Impressas:

Arte prática de navegar e regimento de pilotos repartido em duas partes a primeira propositiva em que se propõem alguns princípios para melhor inteligência das regras de navegaçãoa segunda operativa em que se ensinam as mesmas regras para a prática: juntamente os roteiros das navegações das conquistas de Portugal, e Castela. Lisboa: Antonio Craesbeeck de Melo, 1681.

Arte pratica de navegar, e Roteiro das viagens, e costas maritimas do Brasil, Guiné, Angola, Indias, e Ilhas Orientaes, e Occidentaes agora novamente emendado, e acrecentado o Roteiro da Costa da Hespanha, e Mar Mediterraneo. Lisboa: Bernardo da Costa de Carvalho, 1699.

Arte de navegar, em que se ensinão as regras praticas, e o modo de Cartear pela Carta plana, e reduzida, o modo de Graduar a Balestilha por via dos numeros, e muitos problemas uteis à navegação, e Roteiro das viagens, e costas maritimas da Guiné, Brasil e Indias Orientaes, e Occidentaes agora novamente emendadas e acrecentadas muitas derrotas novas.  Lisboa: Officina Deslandiana, 1712.

Arte de navegar em que se ensinam as regras práticas, e os modos de cartear, e graduar a balestilha por via de número e muitos problemas úteis a navegação e Roteiro das viagens e costas marítimas de Guiné, Angola, Brazil, Indias, Ilhas Orientais e OcidentaisNovamente emendado e acrescentado muitas derrotas. Lisboa: Tipografia de Antonio Rodrigues Galhardo, 1819.

Bibliografia sobre o biografado

Albuquerque, Luís de. Arte de Navegar. Lisboa: Junta de Investigações do Ultramar, 1969.

Albuquerque, Luís de. “Manuel Pimentel.” In Dicionário de História de Portugal, ed. Joel Serrão, vol. V: 80. Porto: Livraria Figueirinhas.

Correia, Carlos Alberto Calinas. A arte de navegar de Manuel Pimentel (as edições de 1699 e 1712). Universidade de Lisboa, Dissertação de Mestrado, 2010.

Leitão, Henrique. “Jesuit mathematical practice in Portugal, 1540–1759.” In The New Science and Jesuit Science: Seventeenth Century Perspectives, ed. Mordechai Feingold, pp. Dordrecht: Kluwer, 2003.

Pereira, José Manuel Malhão. “A evolução técnica náutica portuguesa até ao uso do método das distâncias lunares.” In La ciencia y el mar, ed. Maria Isabel Vicente Maroto, Mariano Esteban Piñero, 125–147. Valladolid, 2006.

Pimentel, Luís Serrão

Lisboa, 4 fevereiro 1613 — Lisboa, 13 dezembro 1679

Palavras-chave: Ensino científico, século XVII, “Aula de Fortificação e Arquitetura Militar”, Método Lusitânico.

DOI: https://doi.org/10.58277/NGZU3195

Luís Serrão Pimentel, matemático e cosmógrafo-mor em Seiscentos, foi o fundador, teorizador e doutrinador da engenharia e arquitetura militares em Portugal.

Luís Serrão Pimentel é hoje reconhecido como uma das grandes figuras do século XVII em Portugal. Nasceu em 1613, na paróquia de Santa Justa, em Lisboa. Bisneto do mercador Jorge Serrão (cristão-novo), de Évora, e de Isabel da Paz, também cristã-nova, era filho de Jorge Serrão Pimentel, apresentado como administrador do morgado de S. Gonçalo da Ameixoeira, e de Ana de Tovar e Miranda. A sua família paterna, considerada de grande poder económico, estava ligada ao comércio ultramarino. A sua primeira mulher foi sua prima Isabel Godines (de quem teve Jorge Pimentel, Manuel Pimentel e Francisco Pimentel), era também de ascendência judaica, bem como a segunda, Ana Mendes de Castro, natural de Trancoso, e com quem já estava casado em 1664. Deste último casamento resultou uma filha, que se casaria também com um cristão-novo, mercador de Elvas; este contexto familiar explica diversos processos instaurados pela Inquisição a parentes próximos de Luís Serrão Pimentel. 

A família desde cedo revelou preocupações com a limpeza de sangue (nomeadamente através do ingresso de familiares diretos, como o varão que teve das segundas núpcias, ou próximos, como tias e cunhadas, na vida religiosa), visando a promoção social. Esta preocupação começara desde cedo, e se um tetravô de Luís Serrão Pimentel, Fernão Serrão Pimentel serviu na Índia como capitão de uma nau, um tio deste último, Jorge Serrão, era jesuíta, e foi o primeiro professor de Teologia da Universidade de Évora. Ainda nesse sentido, do reconhecimento social e da aceitação da família, Luís Serrão Pimentel solicitou a 18 de Maio de 1655 a habilitação à Ordem de Cristo, evocando a qualidade da sua prestação de serviços, pedido esse que não seria atendido precisamente por questões de limpeza de sangue. A bula de Pio V, Ad Regie Maiestatis, de 18 de Agosto de 1570 tornara a limpeza de sangue como condição basilar para acesso à Ordem, embora algumas vezes esse acesso fosse obtido indiretamente pelas familiares femininas através do matrimónio. Outros familiares de Luís Serrão Pimentel, descendentes diretos e indiretos, solicitaram esta mesma habilitação, com processos dispendiosos e morosos, e em que quando as testemunhas eram solicitadas sobre a qualidade da família, acabavam por invocar que os Serrões Pimentéis se tratavam segundo a lei da nobreza (carruagem, cavalos e criados), ou seja, viviam nobremente mas sem serem nobres; o mesmo não se passava em relação à limpeza de sangue, que era desmentida pelo menos por algumas testemunhas. Estas dificuldades para obtenção do hábito de Cristo acabaram por ser ultrapassadas em meados do século XVIII, quando assistimos à aquisição do hábito; são disso exemplo Manuel Pimentel de Miranda, o filho mais velho do cosmógrafo-mor Luís Francisco Serrão de Miranda, na década de 50, o mesmo se passando com o seu irmão, Francisco da Silva Serrão Pimentel, em 1762-63. Por outro lado, a ascendência judaica de Luís Serrão Pimentel acaba por lhe conferir, na senda do que anteriormente acontecera em Portugal, especial  domínio nas técnicas e instrumentos de navegação, tal como na feitura de mapas e roteiros marítimos. 

Em termos de formação, Barbosa Machado sublinha que embora tenha iniciado os estudos em letras no Colégio dos jesuítas, ainda antes da sua instalação em Santo Antão, resolveu, na adolescência, seguir a carreira militar na Índia, pelo que em 1631 para aí embarcou com um tio, Fernão Serrão, com negócios no Oriente, na nau Rosário; a viagem acabou por conduzi-los à costa pernambucana, o que para Serrão Pimentel foi considerado um mau presságio, tendo reconsiderado e regressado ao reino, não se lhe conhecendo viagens posteriores. Com 19 anos de idade retomou por mais dez anos  os estudos de Matemáticas, Cosmografia e Fortificação, tanto na Aula da Esfera, que funcionava desde 1590 no Colégio de Santo Antão (onde foi aluno dos padres irlandeses Ignacio Stafford e Simon Fallonio, Lentes na arte da Fortificação, e onde lecionavam também, na altura, Cristóvão Borri, Cosmander, Valentim Estancel, Francisco Costa, Tomás Berton), como com  o cosmógrafo-mor Valentim de Sá. Fica também patente tanto  na documentação como nos manuscritos e livros de sua autoria a grande erudição que revelava ao citar autores clássicos, no domínio do latim e outras línguas, como o francês, inglês e italiano, o que certamente lhe facilitaria a atualização intelectual em termos europeus. A sua formação junto dos jesuítas e o reconhecimento do seu trabalho nos cargos que ocupou fizeram com que fosse bem aceite pelas elites da altura, frequentando, na altura, uma Academia Literária, a Academia dos Generosos, onde recitou várias lições de Matemática e que funcionava na casa de D. António Alvarez da Cunha. Reveladora da sua erudição, além da troca de correspondência com Cosme de Médicis, é também a sua conhecida bibliofilia, possuindo uma cuidada biblioteca pessoal (obras de Kepler, Copérnico, o Libro de Algebra en Arithmetica y Geometria, composto por Pedro Nunes e publicado em Anvers, em 1567, diversos atlas, e muitas obras dedicadas à História, à Astronomia, à Navegação, à Geografia, à Arquitetura Militar ou mesmo aos instrumentos, como Treatro Estromentorium)

As características do trabalho legado por Luís Serrão Pimentel permitem assinalar a dimensão plural que esse mesmo trabalho assumiu, tanto enquanto cosmógrafo, como enquanto matemático e engenheiro como ainda enquanto docente. Reconhecida esta pluralidade, e embora exista uma sequência cronológica nos documentos oficiais que o indicam para o desempenho dos cargos, esses mesmos documentos acabam por apresentar um discurso que abrange todas as dimensões do seu trabalho. É com essa ideia de trabalho total e plural que devemos encarar o desempenho de cargos de Luís Serrão Pimentel. Cedo se fez notar, pelo trabalho desenvolvido, entre os cosmógrafos-mores do reino (foi o oitavo), cargo ocupado pela primeira vez por Pedro Nunes em 1547. Ocupou o cargo interinamente desde 1641, sendo que a 13 de Julho de 1647 D. João IV lhe reconhece os seus serviços tanto enquanto Cosmógrafo como enquanto Lente de Matemática por impedimento do proprietário do cargo, António de Mariz Carneiro, de quem Pimentel aprovara o Regimento de Pilotos e, por alvará régio, faz-lhe mercê da serventia desses cargos. O exercício do cargo, após o juramento sobre os Evangelhos, seria enquanto durasse o impedimento do proprietário, devendo Serrão Pimentel desempenhá-lo como até à altura o fazia; o comissário da Fazenda devia arranjar-lhe casa para ensinar (ler), com indicação dos dias em que o deveria fazer, sendo pago pelos seus serviços. 

Por outro lado, D. João IV determinara a criação da Aula de Artilharia e Esquadria, em 1641, no Paço da Ribeira, que Serrão Pimentel ajudou a fundar. Em 1647, o monarca acedeu ao pedido de Luís Serrão Pimentel para que fosse criada a Aula de Fortificação e Arquitetura Militar na Ribeira das Naus, direcionada para a formação de engenheiros militares, sendo Serrão Pimentel o primeiro professor das duas, e leccionando na segunda cerca de trinta anos. Com D. Pedro II foram estabelecidas outras Aulas de Arquitetura militar no território, como em Viana do Minho (1701) ou, já em 1732, com D. João V, em Almeida, Tavira e Elvas (e depois para fora do território nacional, como em Pernambuco ou na Bahia).

Em setembro de 1663, o monarca, após Parecer do Conselho de Guerra e em resposta a uma petição de Luís Serrão Pimentel, nomeou-o como engenheiro-mor do reino e do exército do Alentejo com a patente de tenente general de artilharia, cargo que teria atribuição efetiva apenas dez anos depois (sendo D. Pedro II já regente), data esta (1673) que deverá ser considerada, por alguns autores, como a da sua nomeação como engenheiro-mor do reino. Em 1669, D. Afonso VI, reconhecendo os serviços prestados à Coroa por Serrão Pimentel entre 1641 e 1665 enquanto cosmógrafo, Lente de fortificação e castrametação na Aula de Matemática na Ribeira das Naus, de engenheiro-mor do exército do Alentejo e de tenente general de artilharia, concede-lhe um padrão de 24.018 réis de tença na alfândega de Aveiro. O monarca louva a maneira como ensinava aos mestres, pilotos e sota pilotos para clareza das navegações, como atualizara Regimentos e Cartas de marear, os métodos empregues e os objectivos bem definidos, bem como a sua capacidade para criar escola entre os discípulos (tanto na navegação como no desenho das fortificações). Sublinhe-se que uma das exigências no ensino oficial da arte de navegar aos pilotos era a combinação entre a teoria e a prática, como se conclui em das obras que escreveu neste domínio. D. Afonso VI reconhece ainda as suas capacidades no terreno, nos campos de batalha das campanhas da Guerra da Restauração (1640-1668), particularmente no cerco de Badajoz (1658) ou nas proximidades de Sevilha; no ataque à praça espanhola de Alcântara; na defesa de Elvas, desenhando a artilharia para defesa do exército luso, reforçando estrategicamente a cavalaria com a infantaria (mosquetes) na batalha do Ameixial (1663), onde conduziu mangas aos postos de descarga, recuperando Évora aos espanhóis a partir dos aproches de S. Bartolomeu e Carmo; desenhando trincheiras na ribeira do Degebe; ou no exercício da engenharia, desenhando a planta de Évora, ou emendando, pessoalmente ou com discípulos  seus, as demais praças da província e examinado todas as do reino por determinação régia.

A 14 de dezembro de 1671 D. Afonso VI oficializou que a propriedade do cargo de cosmógrafo-mor do reino pertencia a Luís Serrão Pimentel, com obrigação de ensinar a arte matemática e da navegação na Ribeira das Naus; ao mesmo tempo, deveria ficar na capital, e cessava as suas funções enquanto engenheiro-mor do Alentejo. O monarca expõe e reconhece, mais uma vez, os serviços prestados até então, tanto como cosmógrafo, pela reforma dos Regimentos da viagem para a Índia e da viagem à Itália pelo Mediterrâneo (detectou cálculos incorretos no que respeita ao Roteiro para a Índia, e, no caso da Itália, não existia qualquer roteiro sobre os mares), como engenheiro-mor do Alentejo, e ainda como responsável pelo ensino das Matemáticas, Navegação, Fortificação, Castrametação e Expugnação das praças na Aula da Ribeira das Naus. Serrão Pimentel podia, de acordo com a determinação régia, passar as fronteiras todas as vezes que fosse mandado, sendo os cargos exercidos com ciência e experiência, como revela o documento. Sublinhe-se que a tradição dos Roteiros era de primeira qualidade em Portugal, com especial significado desde o século XVI (João de Lisboa, D. João de Castro, Manuel Álvares, Diogo Afonso, Mesquita Perestrelo). Desta forma, e para o século XVII, além dos trabalhos de Serrão Pimentel neste domínio, temos também os trabalhos de Baptista Lavanha, Gaspar Manuel, Manuel de Figueiredo, Reimão Ferreira, Aleixo da Mota e D. António de Ataíde, formando uma literatura única a nível europeu e mundial. 

O cargo de cosmógrafo-mor viria a permanecer na família por quatro gerações, afirmando a dinastia dos Pimentéis no cargo: além de Luís Serrão Pimentel, definitivamente em 1671, seguiu-se Manuel Pimentel, seu filho, em 1687, o seu neto, Luís Francisco Serrão de Miranda- ou Luís Francisco Serrão Pimentel (Ferreira, 2012) -, em 1713, e o bisneto, Francisco da Silva Serrão Pimentel, em 1764; um irmão deste último, o primogénito, Manuel Pimentel de Miranda, foi ainda cosmógrafo interino por alguns meses em 1755, tendo morrido no terramoto (Ferreira, 2012). O cargo do último dos Pimentéis durou até 1779, sendo que esta transmissão hereditária das artes de navegar foi extinta, tal como o cargo, na sequência da reestruturação educativa pombalina.

Um dos documentos que consideramos mais revelador do reconhecimento de Serrão Pimentel entre os seus pares e nas Cortes portuguesa e europeias é a consulta que o Conselho de Guerra lhe faz sobre as capacidades do engenheiro Mateus Vanquerbergen, oriundo da Holanda. Segundo o Cônsul das Províncias Unidas dos Países Baixos, Vanquerbergen celebrara um contrato com Francisco de Sousa Coutinho, embaixador português nos Países Baixos; no contrato, ficava expresso que o citado engenheiro serviria o monarca português durante dois anos como engenheiro extraordinário (soldo de 30.000 réis/mês), passados os quais passaria a engenheiro ordinário com ordenado superior (40.000 réis/mês). O seu serviço fora na Província de Trás-os-Montes, e solicitava o cumprimento do contratado, para poder passar a engenheiro ordinário. O Conselho de Guerra duvidava da capacidade de Vanquerbergen para a construção de fortificações, pelo que solicitara ao matemático Tomás Bartono e ao cosmógrafo-mor Luís Serrão Pimentel que  examinassem a sua competência. As opiniões foram distintas, considerando Tomás Bartono, desde o Colégio de Santo Antão em Novembro de 1650, que Mateus Vanquerbergen revelava aptidões para a construção de fortificações e Serrão Pimentel, no final do mesmo mês, que a sua formação, tanto em termos teóricos como práticos, era insuficiente, não se lhe devendo entregar praça nem lhe pagar o soldo de 40.000 réis/mês, e servindo o reino deveria ser acompanhado por outro engenheiro com formação mais completa que o ensinaria, e o seu soldo não deveria ultrapassar os 8 a 10.000 réis/mês. Perante a opinião de Serrão Pimentel, e pelas informações que também já colhera , o Conselho, a 6 de Dezembro de 1650, aconselha o rei a despedir Mateus Vanquerbergen, devendo o cônsul da Holanda ser advertido, pois o contrato celebrado baseara-se na suposição da sua sólida formação teórica e prática, o que não sucedia, devendo o contrato ser anulado. Esta questão está ainda presente no espírito de Serrão Pimentel, pois o no manuscrito Areotectonica ou Parte Oppugnatoria, por outro nome Poliocertica; Da Hercotectonica militar, considera essencial o trabalho que vinha desenvolvendo, desde havia quatro anos, ao examinar os engenheiros estrangeiros que se queriam estabelecer em Portugal, evitando o pagamento de elevados soldos quando a sua formação e desempenho não o justificasse. 

Na demonstração do seu reconhecimento em fortificação à moderna, temos ainda que enquanto lente da Aula de Fortificação, orientou alguns trabalhos, como Teses da arquitectónica militar oferecidas a el-rei nosso senhor no conselho de guerra, preside Luís Serrão Pimentel lente de fortificação por sua majestade, defende Simão Madeira ajudante do terço do mestre de [?], Rui Lourenço de Távora.

Autor de diversas obras impressas e de vários manuscritos, sendo que alguns destes últimos só chegaram até nós porque os seus discípulos coligiam as suas lições, a sua obra mais reconhecida é, sem dúvida, o Méthodo Lusitânico de desenhar as Fortificações das Praças Regulares e Irregulares, o primeiro Tratado em português dedicado às questões da arquitetura militar, e que funcionou como manual para as gerações seguintes. Na obra expõe um método, sublinhando a importância da razão, da matemática e da geometria nos projetos para fortificações, partindo sempre da crítica aturada da tratadística no domínio a nível europeu, com o objetivo principal de formar engenheiros capazes no país. O Autor defendia o que já deixara manuscrito no Tratado de Fortificação, quando defende que “(…) Emgenheiro chamão hoje todas as naçoens ao architecto das fortificaçoens, nome que lhe derão os peritos da arte militar, porque com o Engenho e emdustria fas tanto serviço nas funçoens da guerra, quanto os outros soldados com o valor do animo e forssas do corpo. (…)”.

Trata-se de uma publicação póstuma, dedicada ao ainda regente D. Pedro. A obra já estaria completa em 1666, e o autor fez três consultas ao Conselho de Guerra para a poder publicar (Abril e Setembro de 1666, Agosto 1677), obtendo licença em 1678, mas só se publicando em 1680. É obra dividida em duas partes, a primeira que Pimentel designou como Operativa e a segunda Qualitativa, pretendendo esta última exemplificar as operações mencionadas na primeira parte; a obra comporta ainda dois apêndices, com comentários à obra do Conde de Pagan, e dois textos matemáticos, Trigonometria Practica Rectilinea e Compendio de alguns problemas da Geometria practica, &Theoremas da especulativa, conteúdos considerados essenciais para os futuros engenheiros militares.

De todas as formas, a escrita do Método Lusitânico coloca-o no seio de uma geração europeia de reconhecidos mestres no domínio da matemática e da fortificação, conhecendo, dominando e criticando a tratadística da época, obra que corporiza o seu papel enquanto fundador de uma nova geração de engenheiros militares, apostando na aliança entre as questões práticas no terreno e uma formação teórica de raíz europeia, apostando na mobilidade e na cobertura territorial do trabalho dos engenheiros militares no império português. Daí que a influência do seu trabalho e da aproximação às questões da engenharia com fundamentação teórica e matemática tenha sido largamente expandida em todo o império português, com especial importância no Norte de África e no Brasil. Entre os seus discípulos mais reconhecidos temos dois dos seus filhos, Manuel Pimentel e Francisco Pimentel; o primeiro irá desenvolver a sua obra no domínio da navegação, das matemáticas e da cosmografia e o segundo sobre as questões militares e de fortificação. Entre os engenheiros  que viajaram para o Brasil temos ainda um neto de Luís Serrão Pimentel, Luís Francisco Serrão Pimentel, engenheiro da capitania de Pernambuco e que se dedicou especialmente às fortificações do norte do Brasil, tanto no reforço de umas (Santa Catarina do Cabedelo)  como na construção de outras (Pau Amarelo). 

Morreu em 1679, da queda de um cavalo, perto da igreja paroquial da Madalena, em Lisboa, e foi sepultado na capela que a família possuía no Convento da Ordem do Carmo, em Lisboa. 

Antónia Fialho Conde
Universidade de Évora

Arquivos 

ANTT – Mercês de D. João IV, Lº 15, f. 470v.

ANTT – Mercês de D. Afonso VI, Lº 9, fls. 131, 133v., 235v.; Lº 11, f. 85v. – 88v.; Lº19, f. 439v.

ANTT – Mercês de D. Pedro II, Lº1, fl. 28; Lº3, fl. 409.

ANTT – Mercês de D. João V, Lº 3, fl. 403; Lº 4, fl. 131.

ANTT –  Mercês de D. José, Lº 9, fls. 88, 365-365v.; Lº 15, fls. 478-478v.

ANTT- Manuscritos da Livraria, n.º 1104 (53)

ANTT –  Conselho de Guerra – Decretos e Consultas, Mç. 10-A, doc. 219; Mç. 17; Mç 30; Mç 36

ANTT – Inquisição de Lisboa, Processos nº 12656, nº 2958 e nº 6515. 

ANTT – Chancelaria de D. João IV, Lº 18, fl. 298v. (microfilme 1238)

ANTT – Chancelaria de D. Afonso VI, Lº 20, fls. 233v.-234v.; Lº 29, fls. 167-167v.; , Lº 45, fls. 74-75.

Obras

Manuscritas:

Hercotectonica Militar

Tratado da Castrematação, ou Alojamento dos Exercitos. (BNP, Cod. 1648, Ms Reservados)

Poliorcetica, e Antipoliorcetica em que trata da fortificação, Castrematação, expugnação, e defença das Praças

Arx Medicea, sive Epidigma fulgoris Medicei in Geometricis proportionibus, & Symotricis concentibus circa Pentagonicum monimentum mediis, & extermis rationibus stabilitum. Serenissimo Cosmo III. Magno Hetruria Duci

Areotectonica ou Parte/ oppugnatoria, por/outro nome poliocertica; Da Hercotec/tonica militar; Por Luis Serrão/ Pimentel Tenente General com exer/cissio em qualquer das provincias em que/ se acha Engenheiro mor dos Exerçitos e Provin/çia do Alentejo e Reyno, Lente da/ Fortificação e mathematicas. Posterior a 1664. (BNP, COD 1640)

Architectonica Militar ou Fortificação Moderna. Por Luís Serrão Pimentel, cosmographo mór que foi deste reyno de Portugal, e Lente de Astronomia, e Nauegação, e ao presente de forticação, esquadrõens, artelharia e castrametação por especial decreto de Sua Magestade; Scripsit Joannes Nunes Tinoco, 1661. (BNP, COD. 13473). 

Pratica da arte de navegar. 1673. (BNP, IL. 156//1; F657).

Architectura militar ou fortificação, dictada por Luís Serrão Pimentel; D. Francisco Osório, 1659. (BNP, Cod. 6408).

Extracto Ichonographico do methodo lusitanico novo, facillimo, e apuradissimo pera desenhar as fortificaçoens regulares, e irregulares por novas e exactissimas proporcões. Achado por Luís Serrão Pimentel, olyssiponense tenente general da artilharia com exercicio em qualquer das provincias fronteiras, engenheiro mor do exercito e provincia do Alentejo, cosmographo mor dos reynos, e senhorios de Portugal, professor regio das Mathematicas ao serenissimo Princepe Cosmo III grande duque da Toscana. (BNL, COD 2044; FR 681; exemplares também BAj, AML)

Tratado da Fortificação, 1ª e 2ª parte da opugnação das praças. Ms (tem acrescentado na folha de rosto Aercotectonica [i. e Areotectonica] de Luís Serrão Pimentel, ditada por seu filho Francisco Pimentel que he meia parte da Hercotectonica). (BNP, Cod. 5174).

Tratado da Navegação Prática e Especulativa (1669) (BGUC Ms, nº 185, 10 fls.)

Tratado de Fortificação. Ms. c. 1670. (BNP, COD. 13474)

Tratado da Castramentasão ou alojamento dos exercitos. Ms. 1658. (BNP, COD. 1648)

Tractado do uzo do Pantometra de desenhar as fortificasoins asim do lado do polygono exterior para for a, como do lado do polygono exterior pera dentro, nas figuras tanto regulares como irregulares pello methodo de Luis Serrão Pimentel engenheiro mor do reino e cosmographo mor delle tenente general da artelheria de qualquer das provincias. Ms por Manuel Pinto de Villalobos, capitam engenheiro na província do Minho. (BNP, COD. 13201)

Roteiro do Mar Mediterrâneo

Impressas: 

Roteiro da India Oriental: com as emendas que nouamente se fizerão a elle: e acrescentado com o roteiro da costa de Sofala, até Mombaça, & com os portos, & barras do cabo de Finis Terrae até o estreito de Gibraltar, com suas derrotas, & demonstrações. Pelo desembargador Antonio de Maris Carneiro fidalgo da Casa de Sua Magestade, & seu cosmographo mór destes teynos de Portugal. [com acrescentos de Luís Serrão Pimentel, entre outros](Lisboa: na officina de Domingos Carneyro, 1666).

Roteiro do mar Mediterraneo tirado do Espelho, ou tocha do mar, no qual se contem as derrotas, portos, baixos, & correntes até avante de Napoles, & pellas ilhas deste mar atè Sicilia pellas costas de Barbaria até Tunes (Lisboa : na officina de Joam da Costa, 1675). 

Methodo Lusitanico de desenhar as fortificações, e Praças Regulares, e irregulares, fortes de Campanha, e outras obras pertencentes á Architectura militar: dividido em duas Partes, operativa e qualificativa. Ao muito alto, e poderoso Principe Dom Pedro Nosso Senhor (Lisboa, impressão de Antonio Craesbeeck de Mello, impressor de S. Alteza, 1680). Fol. com estampas.

Arte pratica de navegar e regimento de pilotos repartido em duas partes : a primeira propositiva, em que se propoem alguns principios para melhor inteligencia das regras da navegaçaõ : a segunda operativa em que se ensinaõ as mesmas regras para a pratica. Juntamente os roteiros das navegaçoens das conquistas de Portugal, e Castella (Lisboa : na impressaõ de Antonio Craesbeeck de Mello impressor de S. Alteza, 1681).

Bibliografia sobre o biografado

Albuquerque, Luís de, “Luís Serrão Pimentel”, in Albuquerque, Luís de (dir.), Dicionário de História dos Descobrimentos Portugueses, (Lisboa: Editorial Caminho, 1994), Vol. II.

Carita, Rui, Conhecimento e Definição do Território. Os Engenheiros Militares (séculos XVII-XIX), (Lisboa: Direcção dos Serviços de Engenharia; Instituto dos Arquivos Nacionais/Torre do Tombo; Arquivo Histórico Militar: 2003). 

Conde, Antónia Fialho,”Alentejo (Portugal) and the Scientific Expertise in fortification in the modern period: the circulation of masters and ideas”, in Roca-Rosell, A. (ed.) (2012) – The circulation of Science and Technology: Proceedings of the 4th International Conference of the ESHS, (Barcelona, SCHCT-IEC, 2012), 246-252. 

Ferreira, Nuno Martins, Luís Serrão Pimentel (1613-1679): cosmógrafo mor e engenheiro mor de Portugal (Dissertação de Mestrado em História dos Descobrimentos e da Expansão, Departamento de História da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa: 2009). Moreira, Rafael, “Do Rigor Teórico à Urgência Prática. A Arquitectura Militar”, in Moura, Carlos (dir.), História da Arte em Portugal. O limiar do barroco  (Lisboa: Publicações Alfa, 1993), 67-85.