Rocha, José Monteiro da

Canavazes, 25 junho 1734 – Lisboa, 11 dezembro 1819

Palavras-chave: Reforma Pombalina, Universidade de Coimbra, Observatório Astronómico, Matemática e ciências afins.

DOI: https://doi.org/10.58277/IFKO6192

José Monteiro da Rocha foi um dos principais responsáveis pela ampla e decisiva renovação de estudos no campo do ensino da matemática, da astronomia e das ciências naturais e experimentais operada pela Reforma Pombalina da Universidade de Coimbra. A sua obra científica é relativamente vasta, compreendendo traduções de livros de texto franceses, trabalhos de matemática aplicada e de astronomia José Monteiro da Rocha, filho primogénito de um casal de agricultores, Maria e João Teixeira, nasceu em 25 de junho de 1734, em Canavazes, uma pequena localidade perto de Marco de Canavezes. Conhece-se pouco sobre a sua infância e juventude. Com a idade de 18 anos partiu para o Brasil já como membro da Companhia de Jesus, onde entrou a 15 de outubro de 1752. Os poucos anos passados na Companhia foram vividos em São Salvador da Baía, no Colégio de Todos os Santos.  Aí terá estudado humanidades e filosofia com Jerónimo Moniz (1723-?) e ciências com o alemão João Brewer. A sua sólida formação inicial adquirida no seio da Companhia revela-se desde logo nos seus trabalhos de juventude, dos quais, o Systema Physico Mathematico dos Cometas [1759-60]’ e o ‘Método de achar a longitude geográfica [1765-66]’ são exemplos paradigmáticos. 

O primeiro é um texto de cariz didático, escrito aquando do tão esperado regresso do cometa Halley, com o objetivo de instruir o leitor nas noções básicas do cálculo astronómico e reforçar a verdadeira conceção da natureza celeste destes corpos (ironicamente não reconhece que as observações que faz, entre 13 de março e finais de abril de 1759, são na realidade do cometa Halley). Neste trabalho Monteiro da Rocha revela-se um newtoniano convicto, possuidor de uma sólida formação técnica. O ‘Método de achar a longitude’ é também ele paradigmático da sua formação, sobressaindo, desde logo, um conhecimento profundo e um domínio técnico e científico da questão da determinação da longitude no mar, que na altura (1759-65) era o centro de um importante debate no seio da comunidade astronómica e náutica internacional. Sendo um texto dedicado sobretudo aos marinheiros, cujo domínio matemático era muito reduzido, são constantes o cuidado e a clareza no discurso, sendo explicitados conceitos técnicos e matemáticos presentes no método das distâncias lunares, mas ainda ignorados na prática da navegação. Esta vertente didático-pedagógica de Monteiro da Rocha é uma característica que o acompanhará ao longo de toda a sua obra.

Após a expulsão dos Jesuítas, Monteiro da Rocha optou pela secularização e foi como professor público de Gramática Latina e Retórica que viveu a meia dúzia de anos que antecederam a sua vinda para Lisboa em 1766. Logo no ano seguinte matriculou-se na Universidade de Coimbra no curso de ânones, obtendo o grau de Bacharel três anos mais tarde, a 25 de junho de 1770. Foi neste período que travou amizade com Francisco de Lemos , o futuro reitor reformador da Universidade. Uma amizade que o levaria em 1771 a participar nos trabalhos da Junta de Providência Literária, um organismo criado por Pombal  em 1770, para a Reforma da Universidade de Coimbra e do qual Francisco de Lemos fazia parte. A Reforma da Universidade pretendia ser a concretização de um projeto que tinha por finalidade sintonizar Portugal com as ideias do iluminismo europeu e encaminhá-lo na direção do progresso e das ciências. Pretendia-se, entre outras coisas, construir uma nova universidade aberta às ciências naturais e ao método experimental, em que todas as matérias estudadas fossem ‘iluminadas’ pela luz da razão. A universidade, colocada nas mãos do Estado, seria uma ferramenta insubstituível e indispensável para a desejada edificação de uma sociedade moderna, movida pela ciência e pelo progresso tecnológico. A ideologia e programa dos Estatutos (1772) para as ciências estão em perfeita sintonia com as ideias de D’Alembert , bem como de outros autores franceses seus condiscípulos, das quais os Estatutos mostram ser herdeiros. A matemática é um exemplo paradigmático do esforço racionalista subjacente a este projeto reformista. Recordemos que a cadeira de geometria (cadeira do 1º ano da Faculdade de Matemática) era comum a todos os cursos das várias faculdades.

O papel desempenhado por Monteiro da Rocha na reforma pombalina foi marcado por duas fases que, embora distintas, estão estreitamente ligadas. Uma diz respeito à elaboração dos Estatutos, e a outra é respeitante aos compêndios adotados. Monteiro da Rocha foi um dos principais responsáveis pela conceção e elaboração dos estatutos das novas ‘faculdades scientificas’, principalmente pela estruturação do ‘curso mathematico’ e definição do seu plano curricular e conteúdos programáticos. O ‘curso mathematico’ foi constituído em sete cadeiras: 1º ano, Geometria (+ Filosofia Racional e Moral + História Natural); 2º ano, Álgebra (+ Física Experimental); 3º ano, Foronomia (Física-Matemática); 4º ano, Astronomia. Havia ainda uma cadeira anexa de Desenho e Arquitetura a ser frequentada no 3º ou 4º ano. No que respeita aos compêndios para o ensino das diversas matérias – dos dez livros adotados, sete foram traduzidos para português, sendo Monteiro da Rocha responsável pela tradução de seis. 

No início das aulas, em setembro de 1772, Monteiro da Rocha foi integrado na Faculdade de Matemática como professor de foronomia, cabendo-lhe a honra de ler a lição inaugural. Como os Estatutos reconheciam que para a docência só estavam habilitados aqueles que possuíssem grau de doutor, este foi-lhe concedido, assim como aos outros professores da faculdade, em 9 de outubro de 1772. O papel de Monteiro da Rocha na vida letiva e administrativa da faculdade e da universidade foi desde os primeiros tempos relevante.O seu empenho na prossecução do ideal universitário pombalino evidencia-se no modo como participou quer no domínio institucional, quer no científico e letivo. Primeiro como professor da cadeira de Foronomia (1772-83) e mais tarde como professor da cadeira de Astronomia (1783-1804), bem como diretor e decano da Faculdade de Matemática e diretor perpétuo do Observatório Astronómico da Universidade de Coimbra (OUAC, carta régia de 4 de abril de 1795). A ele se devem o projeto, a construção, a regulamentação e o apetrechamento instrumental do Observatório, que viria a ser inaugurado em 1799. A sua contribuição no que diz respeito à astronomia é bem mais vasta que a sua contribuição matemática. Essa contribuição que será fundamental para a futura atividade científica do próprio OAUC é ainda reforçada com o exercício da sua função de professor, que faz dele o principal responsável pela formação científica dos futuros astrónomos portugueses da primeira metade do século XIX.

No que diz respeito aos seus trabalhos matemáticos destacam-se dois manuscritos (s.d.), um de aritmética e outro de álgebra. O de aritmética tem por título ‘Elementos de Mathematica’ e divide-se em duas partes: para além da aritmética propriamente dita (intitulada de ‘Elementos de Arithmetica’) é iniciado com uns ‘Prolegómenos’, onde Monteiro da Rocha dá a entender que pretende ensinar outras matérias para além da aritmética. O facto do manuscrito de álgebra se intitular ‘Elementos de Álgebra’ e estar estruturado e organizado de modo semelhante ao de aritmética sugere a intenção da sua integração numa única obra. Hoje desconhecidos, mas referenciados entre os seus papéis pessoais haveria ainda uns ‘Elementos de geometria e trigonometria’ e um maço dedicado ao cálculo infinitesimal que, juntamente com os anteriores, fariam parte de um suposto compêndio de matemática que Monteiro da Rocha terá escrito por meados da década de 1760. 

Por volta de 1786 Monteiro da Rocha escreveu um trabalho sobre o problema das quadraturas (integração), que seria publicado apenas em 1797 no 1º volume das Memórias da Academia das Ciências de Lisboa (ACL). Escrito em resposta aos comentários negativos feitos pelo seu ex-colega José Anastácio da Cunha a um trabalho de Manuel Coelho da Maia, premiado pela ACL em 1785, sobre a demonstração da regra de quadraturas (integração) de Fontaine .  Comentários que se estendem ao próprio Monteiro da Rocha, gerando uma famosa ‘polémica’ que foi muito para além da questão matemática, originando uma severa troca de acusações de carácter pessoal de parte a parte, gerando partidários de ambos a assumirem severas posições adversárias. Nesse trabalho Monteiro da Rocha propôs dois métodos de aceleração da convergência, antecipando um método que Richardson proporá cerca de 130 anos mais tarde (em 1910) e que ficará conhecido na análise numérica como o método de extrapolação de Richardson. Ainda nesse 1º volume das Memórias da ACL Monteiro da Rocha publicou um outro trabalho sobre o cálculo de volumes. A ‘Solução geral do problema de Kepler sobre a medição das pipas e toneis’, assim se intitula, reflete bem a sua preocupação com a dimensão prática da matemática e a sua aplicabilidade na resolução de problemas concretos, ao pretender dar solução a um problema real no quotidiano do comércio de substâncias líquidas que se faziam transportar em pipas e tonéis; o de saber o volume parcial de líquido aí contido. Monteiro da Rocha elabora uma tabela que permite aos comerciantes estimar com precisão o volume parcial de uma pipa sabendo apenas os seus diâmetros maior, menor e médio, bem como o seu comprimento e a altura do líquido nela contido.

São vários os trabalhos de astronomia teórica e prática que Monteiro da Rocha publicou, grande parte deles escritos enquanto professor da cadeira de Astronomia (1783-1804) e diretor do Observatório (1795-1819). Estes trabalhos serão fundamentais para o estabelecimento dos métodos matemáticos e das práticas astronómicas que permitiram o cálculo e a elaboração das emblemáticas ‘Ephemerides Astronomicas’ que o Observatório Astronómico começou a publicar a partir de 1803.

O Observatório Astronómico da Universidade de Coimbra (OAUC), cuja concretização efetiva foi essencialmente da responsabilidade de Monteiro da Rocha, não se reduz apenas a um observatório de cariz universitário, direcionado exclusivamente para a vertente letiva. O papel e a prática astronómica que se requeriam para este estabelecimento (traçada desde logo nos Estatutos de 1772 e depois reforçada no regulamento de 1799) prende-o a uma dicotomia muito própria: por um lado como observatório universitário, nomeadamente no ensino prático da astronomia e na investigação científica dos seus professores e, por outro, como observatório nacional envolvendo-o na elaboração das efemérides astronómicas «para uso da Navegação Portuguesa». A criação do OAUC foi fundamental, na segunda metade do século XVIII, para a institucionalização da ciência astronómica em Portugal, durante o período em que a astronomia, sustentada pelos grandes avanços teóricos da mecânica celeste e da matemática aplicada, tenta, por fim, resolver as grandes questões que desde Newton (1643-1727) vinha enfrentando. Estas questões, ligadas aos problemas de navegação, geodesia e cartografia, determinação de órbitas de planetas e cometas, medições de tempo, e que faziam parte do programa de trabalho de qualquer observatório da época, estão também na base da criação e planificação do OAUC. A construção do Observatório esteve inicialmente planeada para o sítio do Castelo da cidade de Coimbra. A construção deste vasto equipamento iniciou-se em Abril de 1773, com as obras a pararem definitivamente em 1775 por dificuldades financeiras, quando estava realizado o essencial do primeiro piso. Entretanto edificou-se (c.1775), no terreiro do Paço das Escolas, para suprir as necessidades letivas, um pequeno observatório interino. Este observatório de carácter temporário acabaria por funcionar provisoriamente durante cerca de quinze anos, pois só em meados da década de 1780 se encarava definitivamente o problema da inexistência de um verdadeiro observatório astronómico conforme os Estatutos haviam estabelecido. Foi através da estreita colaboração entre Monteiro da Rocha (na qualidade de professor de astronomia e vice-reitor da Universidade) e Manuel Alves Macomboa (?-1815), o arquiteto da universidade, que surgiria o projeto definitivo para o OAUC, que aprovado pela universidade em 5 de fevereiro de 1791, se vê concluído em 1799. Os primeiros instrumentos, provenientes do Colégio dos Nobres, já haviam chegado de Lisboa logo no final de 1772. Ao longo dos anos seguintes Monteiro da Rocha encarregou-se de encomendar de França e Inglaterra muitos outros, estando praticamente reunido o núcleo principal dos instrumentos, nos meados da década de 1780. Após a sua inauguração em 1799, a atividade científica, da inteira responsabilidade de Monteiro da Rocha, centra-se no cálculo e na publicação das ‘Ephemerides Astronomicas’ (EAOAUC). O ponto sétimo do ‘Regulamento do Real Observatório Astronómico da Universidade de Coimbra’ (carta régia de 4 de dezembro de 1799) precisa bem o objetivo maior de toda a sua atividade científica: a elaboração de umas efemérides astronómicas, “para uso dele, [e que] igualmente possa servir para uso da Navegação Portuguesa”. 

As EAOAUC serão a imagem de marca do trabalho astronómico do OAUC durante todo o século XIX. O primeiro volume foi publicado em 1803, pela Real Imprensa da Universidade, com as efemérides para o ano de 1804 e salvo dois períodos relativamente curtos em que a sua publicação esteve suspensa, as EAOAUC ainda eram publicadas no século XX. Para além das efemérides propriamente ditas, e à semelhança das congéneres estrangeiras, também as EAOAUC publicaram artigos científicos. Ao contrário das efemérides estrangeiras que calculavam diretamente partir das tabelas astronómicas as posições da Lua tanto para o meio-dia como para a meia-noite, as de Coimbra calculavam apenas o lugar do meio-dia diretamente das tabelas, sendo o lugar da meia-noite calculado por interpolação segundo um método proposto por Monteiro da Rocha, que vem publicado no volume 5, “Exposição dos Methodos Particulares de que se faz uso no cálculo destas Ephemerides” (1807). Em 1813 Monteiro da Rocha publicou as suas próprias tabelas astronómicas, ‘Taboas Astronómicas ordenadas a facilitar o Calculo das Ephemerides da Universidade de Coimbra’ (1813), que passaram a constituir a base de cálculo das EAOAUC até aos inícios da década de 1840.

A necessidade da elaboração e publicação por parte dos observatórios de efemérides astronómicas está intimamente ligada ao problema da determinação das longitudes geográficas, principalmente no alto mar, o que constituiu um dos maiores desafios enfrentados pela náutica e pela astronomia do século XVIII e inícios do século XIX. Monteiro da Rocha tem três trabalhos específicos, realizados em dois períodos distintos da sua vida, sobre o problema da determinação das longitudes. O já mencionado ‘Método de achar a longitude geográfica no mar e na terra’, nunca publicado, e escrito ainda antes da Reforma Pombalina da Universidade; os outros dois são a ‘Taboada Nautica para o calculo das Longitudes’ (1799) e o ‘Calculo das Longitudes’ (1803), escritos e publicados nos inícios do século XIX, quando o seu trabalho académico e científico já era reconhecido. Monteiro da Rocha publicou ainda nas EAOAUC três artigos sobre o cálculo dos eclipses e trânsitos de Mercúrio e Vénus: ‘Cálculo dos Eclipses’ (1803), ‘Demonstração e ampliação do cálculo dos eclipses’ (1806) e ‘Aditamento ao cálculo dos eclipses’ (1811). 

Ainda no campo da astronomia teórica merece destaque o seu trabalho sobre a ‘Determinação das orbitas dos Cometas [1782]’ (1799). Com este trabalho, lido em 1782 em assembleia académica da ACL de Lisboa mas só publicado em 1799, Monteiro da Rocha perdeu a oportunidade de ficar inscrito na história da Astronomia como o primeiro a propor um método simples e de fácil aplicação na resolução de um dos problemas mais intrincados com que se debateu a astronomia do século XVIII: a determinação de órbitas de cometas. Perdeu essa primazia para o alemão Olbers (1758-1840), que em 1797 publicou um método muito parecido. 

No campo da astronomia prática são relevantes dois trabalhos (também publicados nas EAOAUC), um sobre o ‘Uso do Instrumento das Passagens’ (1805), e outro sobre o ‘Uso do retículo romboidal’ (1805). Estes trabalhos, elogiosamente referidos por Delambre no Connaissance des Tems para o ano de 1810 (1808), contextualizados no conjunto da considerável obra astronómica de José Monteiro da Rocha, refletem a dicotomia e a excelência do astrónomo que era, tanto a nível teórico como prático.

No campo administrativo a ação de Monteiro da Rocha foi também variada e marcante, principalmente no trabalho que desempenhou como Vice-Reitor da Universidade (1786-1804). Monteiro da Rocha foi responsável por uma série de textos de carácter legislativo que ultrapassam em muito o estrito carácter académico. Dentre os mais significativos destacam-se o ‘Regulamento do Real Observatório Astronómico’, que é importante não só por estabelecer a lei orgânica do Observatório mas também porque nele se estabelece a necessidade de enviar professores da Universidade em viagens científicas ao estrangeiro para atualização de conhecimentos. Será em consequência desta lei que Manuel Pedro de Melo , professor da cadeira de Hidráulica, viajará, com instruções específicas redigidas por Monteiro da Rocha, para França e outros países europeus. Desse conjunto de leis merece igualmente destaque o ‘Regimento da Junta da Diretoria Geral dos Estudos’ (aviso régio de 10 de maio de 1800), organismo criado com a incumbência de fiscalizar a instrução pública e que veio substituir o Tribunal da Real Mesa da Comissão Geral sobre os Exames e Censura dos Livros. Refiram-se ainda a ‘Lei dos Cosmógrafos’ (alvará régio de 9 de junho de 1801), que introduziu uma profunda reforma na administração do território, instituindo em cada uma das comarcas do País um matemático com o título de ‘Cosmógrafo’ a reportar diretamente à administração central do Estado; e também o importante alvará de 1 de dezembro de 1804, que estabelecia o concurso como forma de provimento das cadeiras universitárias. Em 16 de Janeiro de 1780 Monteiro da Rocha foi eleito membro da ACL, vindo a ocupar alguns anos depois o cargo de diretor da classe das Ciências Exatas. Em 1798 Monteiro da Rocha seria eleito membro da Sociedade Real Marítima, Militar e Geográfica (criada em 30 de junho desse ano), e em 1799 eleito vogal da Junta da Diretoria Geral de Estudos e Escolas do Reino. Em 21 de Março de 1800 Monteiro da Rocha tornou-se conselheiro do Príncipe Regente D. João. No ano seguinte, em 2 de Junho de 1801, recebeu a Comenda da Ordem de Cristo da Sé de Portalegre, como reconhecimento dos seus serviços. Ainda no tempo do Marquês de Pombal, pelos mesmos motivos, havia sido nomeado para uma cadeira magistral da Sé de Leiria (18 de fevereiro de 1774) e em 1779 designado para o cargo de principal do Real Colégio dos Nobres das três Províncias do Norte. Em 1804, devido à nomeação para preceptor do príncipe herdeiro, futuro rei D. Pedro IV, e de seus irmãos (carta régia de 18 de agosto de 1804), Monteiro da Rocha abandonou a vida universitária ativa, passando a residir em São José de Ribamar, em Lisboa. Monteiro da Rocha morreu em 11 de Dezembro de 1819.

Fernando B. Figueiredo
Universidade de Coimbra

Arquivos

Processo Académico de José Monteiro da Rocha, Lisboa, Academia das Ciências de Lisboa

Processo do Professor José Monteiro da Rocha, Coimbra, Arquivo da Universidade de Coimbra, AUC Cx. 265

Obras

‘Segunda Parte. Do Curso Mathematico’. 1772. In Estatutos da Universidade de Coimbra. II Centenário da Reforma Pombalina. Por Ordem da Universidade de Coimbra. 3: 141-222. Coimbra

“Additamentos à regra de M. Fontaine para resolver por approximação os Problemas que se reduzem às Quadraturas”. 1797. Memórias da Academia Real das Sciencias de Lisboa, I: 218-243

“Solução Geral do problema de Kepler sobre a medição das Pipas e Tonéis.” 1797. Memórias da Academia Real das Sciencias de Lisboa, I: 1-36

“Determinação das órbitas dos Cometas”. 1799. Memórias da Academia Real das Sciencias de Lisboa, II: 402-479

Taboada Nautica para o calculo das Longitudes, por José Monteiro da Rocha da Universidade de Coimbra em 14 de Março de 1799. [1801]. Lisboa: Typographia Chalcografica, e Litteraria do Arco do Cego

Ephemerides Astronomicas calculadas para o Meridiano do Observatorio da Universidade de Coimbra para o uso do mesmo Observatório, e para o da navegação Portugueza [EAOAUC]. Coimbra: Real Imprensa da Universidade (são vários volumes, o 1º é de 1803) 

“Taboas Auxiliares”. 1803-1804. EAOAUC 1: 121-170; 2: 121-165

“Cálculo das Longitudes”. 1803. EAOAUC 1 : 213-230 

Mémoires sur l’Astronomie Pratique par M. J. Monteiro da Rocha. 1808. Paris: Courcier

Taboas Astronomicas ordenadas a facilitar o cálculo das Ephemerides da Universidade de Coimbra. 1813. Coimbra: Imprensa da Universidade

Bibliografia sobre o biografado

Teixeira, António José. 1888-1890. “Cartas do Dr. José Monteiro da Rocha a D. Francisco de Lemos de Faria Pereira Coutinho.” O Instituto: Jornal scientifico e litterario 36 (1888-1889) 305-310, 372-376, 449-454, 509-514, 587-593, 657-663, 732-736, 793-798; 37 (1889-1890) 53-57, 128-132, 197-204, 268-275, 338-340, 475-479, 560-564, 622-628, 709-714, 799-804, 881-884

Teixeira, António José. 1889-1889. “Sciencias moraes e sociaes. Apontamentos para a biographia de José Monteiro da Rocha.” O Instituto: Jornal scientifico e litterario 37: 65-98

Teixeira, Francisco Gomes. 1925. Panegíricos e Conferências. Coimbra: Imprensa da Universidade

Figueiredo, Fernando B. 2005. “A contribuição de José Monteiro da Rocha para o cálculo da órbita de cometas.” Tese de Mestrado, FCT-UNL

Figueiredo, Fernando B. 2011. “José Monteiro da Rocha e a actividade científica da ‘Faculdade de Mathematica’ e do ‘Real Observatório da Universidade de Coimbra’: 1772-1820.” Tese de Doutoramento, FCTUC