Sequeira, Gaspar Cardoso

Murça, XVI-XVII

Palavras-chave: matemática, magia matemática, baralho ordenado.

DOI: https://doi.org/10.58277/TLNS2932

Gaspar Cardoso de Sequeira nasceu em Murça — no Alentejo, segundo Inocêncio Francisco da Silva e Diogo Barbosa Machado, em Trás-os-Montes de acordo com Esteves Pereira e Guilherme Rodrigues — na segunda metade do século XVI. Estudou na Universidade de Alcalá, obtendo o título de  Mestre em Artes. Ensinou matemáticas ao longo de vinte anos em Lisboa (1604), Coimbra, Braga, Porto e Lamego e, em Espanha, em  Ciudad Rodrigo e Tuy. 

A sua obra Thesouro de Prudentes (1612) foi popular no seu tempo, tendo sido sucessivamente reeditada durante cem anos. Nela está contida a descrição matemática de um efeito de ilusionismo tradicionalmente atribuído ao mágico americano Si Stabbins (1867 – 1950). 

Jorge Nuno Silva

Obras

Sequeira, Gaspar Cardoso. Prognostico lunario para o anno de 1605, com algumas curiosas anotações no cabo. Lisboa, editado por Pedro Craesbeeck, 1601.

—. Thesouro de Prudentes. Contém quatro livros: 1.º do computo ecclesiastico, com algüas annotações para os parochos. 2.º tem dous tratados, primeiro de cousas tocantes á agricultura… segundo de cousas importantes á Medicina e Cirurgia, com algüs remedios experimentados. 3.º Da Arismetica, com varias curiosidades a ella pertencentes. 4.º Da Esphera, maneira de fazer quadrantes para tomar a altura, fabricar relogios diurnos, e nocturnos, medição das horas planetarias, preparação das figuras usadas na Astronomia Judiciaria…. e outras cousas similhantes. Coimbra, por Nicolau Carvalho 1612. 4.º Ibi, pelo mesmo 1626. 4.º. Sahiu em terceira edição, accrescentado com o Prognostico e Lunario perpetuo, Coimbra, por Thomé Carvalho 1651. 4.º Ibi, pela viuva de Manuel Carvalho 1664. 4.º Lisboa, por Francisco Villela 1673. 4.º Evora, na Offic. da Universidade 1675. 4.º Lisboa, por João Galrão 1686. 4.º de IV 363 pag. N’esta impressão, (que se diz sexta, posto que contadas as precedentes, deve ser septima) sahiu accrescentado com um Tractado para se saber de cor as horas da maré, e varias curiosidades que se declaram no prologo, pelo sargento-maior Gonçalo Gomes Caldeira. Estes accrescentamentos começam a pag. 341. Mais sahiu a outava edição, Evora, na Imp. da Universidade 1700. 4.º (Barbosa tem erradamente 1701.) N’esta faltam os additamentos de Gonçalo Gomes Caldeira. Outra edição, Lisboa, por Manuel Lopes Ferreira 1701. 4.º Outra, que no rosto se diz septima, sendo realmente decima, como se vê da enumeração feita: Lisboa por Miguel Manescal 1712. 4.º de IV 355 pag. N’esta vem os sobreditos additamentos de Caldeira. (In Diccionario bibliographico portuguez)

—. Primeira e segunda parte de Segredos da Natureza, tirados de regras filosóficas, não menos úteis que curiosas. Lisboa, 1631; 1673, Coimbra, 1704.

Bibliografia sobre o biografado

Klauf, Tony. A importância do baralho ordenado no ilusionismo,  ed. do autor, Grijó: Porto, 1998. Dep. Leg. 130597/98

Machado, Diogo Barbosa. Bibliotheca Lusitana, Tomo II, (Lisboa 1747), p. 339.

Silva, Innocencio Francisco. Diccionario bibliographico portuguez, Tomo Terceiro. Lisboa, 1859, p. 124 (Gaspar Cardoso de Siqueira).

Pereira, Esteves e Guilherme Rodrigues. Portugal — Diccionario histórico, chorografico, biográfico, bibliográfico, heráldico, numismático e artístico, vol. VI. Lisboa, 1912, p. 812.

Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, volume XXVIII. Lisboa e Rio de Janeiro, sd, p. 371.

Santos, José Carlos. “A ilusão portuguesa”, Gazeta de Matemática 158, (setembro, 2009), pp. 30-1.

Vinuesa, Carlos. “Círculos mágicos”, Matematicalia 7, n. 4 (dezembro, 2011), pp. 1-9

Serrão, Veríssimo. “Contributo para o estudo dos portugueses na Universidade de Alcalá (1509-1640)”, Revista Portuguesa de História 17 (1978), pp. 37-54